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Come From Away – Encontrando o amor no meio de lugar nenhum

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No dia 11 de setembro de 2001, o mundo parou quando aviões se chocaram contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e um estado de pânico e medo se instalou em corações por todo o globo. Enquanto todos acompanhavam os resgates e se desesperavam com a falta de informações, centenas de aviões eram desviados e precisavam de aeroportos para pousar, já que o espaço aéreo americano foi fechado por segurança.

Dentre esses, 38 aeronaves foram encaminhadas para o aeroporto da cidade de Gander, na ilha de Newfoundland (Canadá), um pequeno município de 11 mil habitantes que subitamente teve que ver sua população quase dobrar com a chegada de 7 mil passageiros, que sequer sabiam onde estavam ou quando voltariam para casa. Como essa população reagiu à chegada dessas pessoas? Com amor.

Essa é a história real que inspirou Come From Away, um pequeno musical com banda reduzida em cena, poucos adereços e apenas 12 atores, que aos poucos está se tornando um dos grandes favoritos para o Tony de 2017. A peça conta em apenas um ato a história de todas essas pessoas, desde o desespero dos passageiros sem saber o que irá acontecer até o esforço do adorável povo simples da cidade que faz de tudo para que os visitantes se sintam em casa durante um dos momentos mais difíceis de suas vidas.

Idealizada em 2015 por Irene Sankoff e David Hein, a peça começou com temporadas no La Jolla e em Seattle até tomar forma completa no Alexandra Theatre (Toronto) em 2016. Seu processo de criação seguiu o trabalho de diversas outras obras intimistas com extensos workshops e colaboração do elenco no desenvolvimento, já que, como eles mesmo dizem, são 12 atores para interpretar 18 mil personagens. Entre os atores que estão trabalhando com o material desde o início, o destaque fica para Jenn Colella (Chaplin e If/Then) e Rodney Hicks (Rent), mas em meio a tantos personagens diferentes, o elenco todo precisa (e consegue) realizar um trabalho em uníssono e com total confiança uns nos outros.

E é aí que vive a magia do musical, em seus atores. Assim como tantas outras peças já citadas por nós em outros artigos, Come From Away é um trabalho de 12 pessoas apresentando lindas histórias e nos emocionando, contando apenas com seu talento e esforço. Desde a história de uma mãe desesperada com o filho bombeiro em Nova York que não atende ao telefone, do passageiro do Oriente Médio que sofre preconceito e desconfiança das outras pessoas presentes, até a de uma piloto que carrega o fardo e orgulho de ser a primeira mulher a pilotar um avião de uma grande companhia aérea comercial. São diversas histórias embaladas pelo ritmo da música folk/celta (característica do povo da região de Newfoundland) que vão nos cativando e nos levando através de diversas emoções diferentes.

Um musical para rir, para chorar, para se emocionar, mas principalmente, um musical que nos lembra do nosso potencial como seres humanos de praticar a empatia, a compaixão e o amor ao próximo. No meio do caos e da tristeza, nós conseguimos encontrar amor e amizade, e é apenas isso que Come From Away quer de seus espectadores, que eles saiam do teatro renovados e cheios de esperança pelas maravilhas que a humanidade é capaz de fazer.

No mundo intolerante que vivemos hoje em dia, Come From Away é o musical certo na hora certa.

Come From Away está em cartaz no Gerald Schoenfeld Theatre, 236 West 45th Street, em Nova York.

Ficou interessado? Escute a trilha completa no Spotify e assista a alguns vídeos promocionais.